Cerca de 30 pessoas se reuniram para conversar sobre redes colaborativas e as sistemáticas de trabalho da rede de coletivos Circuito Fora do Eixo. Para mediar a fala, Atílio Alencar e Paulo Noronha, ambos do Macondo Coletivo. Eles deram o pontapé inicial na conversa, escutaram e responderam as dúvidas dos participantes. Na roda animada, que durou cerca de três horas, estavam membros do recém criado Coletivo Revirado, anfitrião do festival, representantes do Tomada Rock, de Esteio/RS, e membros de bandas, entre elas a Casa de Orates, de Itajaí/SC.
Para resumir a mensagem principal, Atílio (foto) parafraseou o nome do álbum da banda goianiense Macaco Bong, "Artista Igual Pedreiro". Nesta sentença se aplica a lógica de trabalho de que os artistas que desejam atuar no cenário independente – ou inter-dependente, como se chegou a conclusão – não podem ficar esperando que algum grande empresário o encontre e o torne um sucesso. Isto não acontece, pelo menos na lógica colaborativa. Os artistas devem aprender a se promover e a exercer funções não tão "glamurosas" para viabilizar sua arte. O objetivo é aprender a trabalhar em rede e, desta forma, potencializar o trabalho de todos.
Revirado
Da Terra do Feijão, Sobradinho, e da Terra do Arroz, Cachoeira do Sul, nasceu o Coletivo Revirado, anfitrião do festival, que também é formado por membros de Santa Cruz do Sul. São músicos e amigos que viram, após a participação de Patta no Congresso Fora do Eixo – Regional Sul, em Santa Maria, uma possibilidade inovadora de trabalho. O grupo, há sete edições, luta para promover e melhorar o FestMalta. A necessidade de se fortalecer para conseguir maior visibilidade e oportunidade na região foi o que impulsionou a criação deste novo coletivo.
Casa de Orates
Destaque, também, para a participação da banda Casa de Orates. O grupo demonstrou bastante interesse e um bom conhecimento prévio sobre o Circuito Fora do Eixo. Expuseram as dificuldades do cenário cultural catarinense e os desafios de ser uma banda autoral em um estado que não valoriza a cena local. A troca de experiências entre as bandas participantes foi um dos pontos mais importantes. O modelo convencional de grande gravadoras já não dá conta da quantidade de artistas em atividade. O modelo “faça você mesmo” também já não satisfaz. A conclusão que se chega, por mais clichê que possa parecer, é que somente a união faz a força: “Façamos isto juntos!”.
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Texto: Igor Müller
Revisão: Gabriela Belnhak
Fotos: Gabriela Belnhak e Kareka Ricordi